Nova Paixão
Essa blogueira que vos fala descobriu recentemente uma nova paixão, a dança de salão..
E entre o tin tin tun do samba.. os passos trocados do bolero.. a animação do soltinho e os rodopios do forró, encontro-me cada momento mais..
Abaixo um pouquinho da história dessa minha nova paixão..
A dança é uma das manifestações artísticas mais antigas da humanidade. Teve origem nos gestos e movimentos naturais do corpo humano para expressar emoções e sentimentos, a partir da necessidade de comunicação entre os homens.
Inicialmente, a dança integrava rituais dedicados aos deuses, objetivando pedir auxílio para a realização de boas caçadas e pescarias, para que as colheitas fossem abundantes, para que fizesse sol ou chovesse. A dança fazia parte, também, de manifestações de júbilo e congraçamento pela vitória sobre inimigos e por outros eventos felizes.
Com o passar do tempo, cada povo desenvolveu suas próprias formas e estilos de dançar, caracterizando suas diferentes culturas, da mesma forma que a música, o vestuário, a alimentação, etc. marcam o jeito de ser próprio de cada sociedade.
A dança social ou dança de salão é praticada por casais, em reuniões sociais e surgiu na Europa, na época do Renascimento. Pelo menos desde os séculos XV e XVI, tornou-se uma forma de lazer muito apreciada, tanto nos salões dos palácios da nobreza, como entre o povo em geral. É chamada de social por ser praticada por pessoas comuns, em festas de confraternização, propiciando o estreitamento de relações sociais de amizade, de romance, de parentesco e outras. De salão, porque requer salas amplas para os dançarinos fazerem livremente suas evoluções.
A dança de salão chegou ao Brasil trazida pelos colonizadores portugueses, ainda no século XVI, e mais tarde, pelos imigrantes de outros países da Europa que para cá vieram.
O Rio de Janeiro, na medida em que foi capital do Brasil desde o período colonial até 1960, sempre foi o polo irradiador de cultura, modismos e inovações em geral para o resto do país.
Em 1808, a corte portuguesa transferiu-se para cá e trouxe consigo muitos dos gostos e hábitos sociais europeus daquela época, inclusive as danças que estavam na moda e o costume dos bailes freqüentes. Durante todo o século passado, qualquer evento era motivo para um baile: aniversários, noivados, casamentos, formaturas, datas cívicas, visitas de parentes e amigos, etc..
Após a proclamação da república, o gosto pelos bailes continuou forte, entre os cariocas, tornando-se cada vez mais populares e freqüentes.
Até a década de 1960, os bailes eram um dos eventos sociais mais importantes e populares para os cariocas de todas as idades e camadas sociais. Nos bailes, as pessoas se divertiam, faziam negócios e novos amigos, muitos namoros começavam, enquanto outros casais faziam as pazes, depois de brigas e desentendimentos. Muitas vezes, até problemas de ordem política e econômica, que afetavam o país, eram discutidos em bailes diplomáticos e outros, aos quais compareciam dirigentes da nação.
O aparecimento e o período áureo das discotecas - em que os casais passaram a dançar sem se tocar, de uma forma mais livre e solta e até sem necessidade de parceiro(a) - levaram a dança de salão a cair num semi-esquecimento, pelo menos nas grandes cidades, por um período de vinte anos, mais ou menos. Foi a vez das luzes e ritmos das discotecas assumirem um papel de destaque na vida social, substituindo os bailes tradicionais, onde os casais dançavam juntinhos.
Desde meados dos anos '80, porém, a dança de pares enlaçados vem retornando com toda a força, retomando o lugar de destaque que sempre ocupou na vida social urbana. Multiplicam-se seus adeptos e os lugares para dançar a dois, num movimento forte e abrangente, que parece ter vindo para ficar.
Os ritmos dançados nos bailes cariocas, atualmente, são: o samba e o chorinho, bem cariocas; o bolero (e outros ritmos relativamente lentos, que podem ser dançados como o bolero); ritmos mais rápidos, como o rock e outros, que são dançados de uma forma genericamente chamada de "soltinho"; a salsa e o merengue; assim como, em bailes especiais, para seus apreciadores, a lambada e o zouk, bem como o tango, a milonga e a valsa (dançada à maneira dos argentinos).
A riqueza e a diversidade da dança de salão em território brasileiro é grande e é isto que a torna tão atraente para nós mesmos e para os estrangeiros: o brasileiro é um dançarino nato, extremamente criativo e musical.
Jussara Vieira Gomes
Historiadora e Antropóloga
Dançarina e Pesquisadora de Dança de Salão
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